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sexta-feira, 20 de maio de 2022

EcoRodovias vence leilão do trecho Rio - Valadares

A EcoRodovias venceu o leilão do trecho Rio - Valadares, que aconteceu nesta sexta 20. A atual concessionária da Ponte Rio - Niterói foi a única a oferecer proposta.

No link abaixo, conheça detalhes do percurso concessionado e dos melhoramentos que deverão ocorrer nos quase 727 km licitados, abrangendo quatro rodovias e que incluem os primeiros 47 km da Via Dutra no Estado do Rio, hoje sob responsabilidade da CCR.

http://transportante.blogspot.com/2022/03/trecho-da-dutra-na-baixada-fluminense.html

Imobilidade urbana

O prefeito Eduardo Paes fez uma mea culpa, no Twitter, assumindo sua cota de responsabilidade pela crise no transporte público carioca por ônibus - que inclui a sua menina dos olhos: os corredores BRT. Não sem atribuir, também, é claro, boa parte das mazelas ao seu antecessor, Marcelo Crivella. Até porque, realmente, cabe o fardo.

Um acordo envolvendo a administração municipal, o Ministério Público estadual e o Judiciário, prevê algumas medidas importantes, para que o Rio de Janeiro possa voltar a ter um transporte rodoviário municipal com um mínimo de organização e dignidade para os usuários.

As principais delas são: a retomada do serviço de BRT (um dos cinco consórcios formados no último governo de Eduardo Paes) pelo município, extinguindo parcialmente o contrato de concessão, no que se refere a essa operação específica; a renúncia, pelos consórcios, de participação das licitações relativas ao serviço de bilhetagem eletrônica, haja vista as empresas consorciadas serem também operadoras do sistema; mudanças no critério de remuneração do serviço (que passará a ser por quilômetro rodado, em vez de, como hoje, por passageiro transportado); e a possibilidade de antecipação do término do contrato de concessão, originalmente a vencer só em 2028, devolvendo à prefeitura parte do controle da situação, que lhe deveria de fato caber.

Operar e, concomitantemente, controlar a bilhetagem, é como ter a raposa tomando conta do galinheiro. Por incrível que pareça, o telejornal local da Globo usou essa comparação, numa matéria veiculada esta semana. Essa aberração há muito que está prevista de ser eliminada, mas sua sobrevida sempre contou com a leniência da prefeitura. Como, agora, o prefeito parece estar 'de mal' com as empresas e o sistema está flagrantemente depauperado, a fome se juntou à vontade de comer. Assim, metas e mecanismos de controle serão implantados, para garantir a justa cobertura dos custos operacionais, sem prejuízo do atendimento a contento da demanda de passageiros.

A remuneração por quilômetro rodado, por sua vez, é mais justa, porque tem relação direta com o uso do veículo, tomando-se por base que um ônibus levando 10 ou 70 passageiros em uma viagem tem o mesmo custo operacional. Quando se paga por trecho percorrido, elimina-se ainda um dos grandes problemas que o sistema tem atualmente: a falta de interesse por operar linhas que, embora sejam necessárias, carregam pouco. Este é, por exemplo, o caso de trajetos extensos nos quais haja pouca renovação (entra e sai), que acabam funcionando mais como uma ligação ponto a ponto, direto da origem até o destino, sem a agregação de passageiros lindeiros.

Quanto à assunção do serviço de BRT pela municipalidade, cabe frisar, é algo a ser feito com bastante critério. Já vivemos essa situação no Rio, quando o governo Carlos Lacerda fundou a Companhia de Transportes Coletivos, ainda no Estado da Guanabara. Estado e município eram um ente só e a CTC-GB era, operacionalmente, uma empresa municipal.

Com o tempo e, também, a fusão GB-RJ, que a transformou numa empresa estadual, operando em três cidades distintas (Rio, Niterói e Campos dos Goytacazes), adveio uma fase gloriosa, com renovação completa da frota e reestruturação operacional e administrativa. Mas não demorou muito para que viessem os problemas. A crise financeira, a má gestão e a desídia criminosa do poder público, que falhou em proteger a empresa da concorrência desleal das operadoras privadas, foram carcomendo a CTC aos poucos. Com o Metrô, ainda por cima, surgindo no cenário, como novidade para monopolizar atenção e recursos, a derrocada acabou acontecendo.

Aprendi muito, na já CTC-RJ, que foi meu primeiro emprego como Engenheiro de Transportes. Ao mesmo tempo, a antítese do modelo adequado e a sala de aula que ensinava a lidar com todo tipo de adversidade. Trabalhei lá por sete anos e pude desfrutar da companhia diária e da amizade que ficou, de um grupo que até hoje mantém o espírito de família e o contato, por meio das redes sociais.  

De volta, pois, ao tema principal. Ao sair da prefeitura, em 2016, Eduardo Paes deixou um péssimo legado em termos de Mobilidade Urbana para o Rio, assunto sobre o qual eu já discorri no blogue. A despeito de duas intervenções de peso, para as quais batem-se palmas, ganhamos improvisos que até hoje são um estorvo para a cidade. A demolição do elevado da Perimetral, substituído por um sistema subterrâneo (Túnel Prefeito Marcello Alencar), com aumento de capacidade de tráfego, e a implementação do VLT, com três linhas percorrendo parte considerável da área central, são feitos planejados para revolucionar a região e, aos poucos, mesmo aos trancos e barrancos, vão dizendo a que vieram.

Contudo, contamos hoje com uma circulação viária absolutamente confusa no Centro, fruto da não reversão ou não revisão de alterações feitas para as obras do túnel e do bonde; restou um inimaginável isolamento da Praça Quinze, com uma bela e enorme esplanada entre o terminal das barcas e as conexões de transporte procuradas pelos passageiros; temos um corredor BRT (TransBrasil) cujo projeto nasceu e segue crescendo recheado de gambiarras mal ajambradas; e o que talvez seja a cereja estragada do bolo azedo: a desorganização completa do sistema de ônibus da cidade. Chovem reclamações sobre encurtamento e sumiço de linhas, além de redução de frota, ações muitas vezes 'decididas' pelas operadoras, sem conhecimento nem aprovação do poder concedente. A precariedade do estado geral dos ônibus é outro reclamo dos passageiros, bem ilustrando o caos que se instalou no sistema, contra o qual é preciso que haja ações urgentes e profundas, de modo a se consertar o estrago deixado.

Uma verdadeira faxina contratual, enfim, está sendo feita com a ajuda do Ministério Público do Estado e do Tribunal de Contas do Município, para pôr toda essa questão em pratos limpos. E, enquanto a louça não é toda lavada, a tarifa segue em R$ 4,05 mas com a prefeitura cobrindo o déficit das operadoras, para evitar que mais delas fechem as portas (16 encerraram as atividades, desde 2015) e deixem mais cariocas ainda sem transporte.

domingo, 13 de março de 2022

Trecho da Dutra na Baixada Fluminense terá leilão de concessão em 2022

O que será feito dos primeiros 47 km da Rodovia Presidente Dutra, trecho que abrange a Baixada Fluminense, excluído do certame vencido pela CCR em outubro passado?

A concessionária, que administra a estrada desde 1995, tem agora responsabilidade sobre a rodovia somente de Seropédica, quase no pé da Serra das Araras, até São Paulo. A nova concessão, que agora se chama CCR RioSP, passou a incluir a Rio - Santos (BR-101), desde o Rio até Ubatuba, no litoral Norte de São Paulo.

De acordo com a Superintendência de Concessão da Infraestrutura (SUCON) do Ministério da Infraestrutura, a porção da Dutra que percorre a Baixada faz parte do escopo de uma nova concessão, denominada Rio - Valadares, que englobará um total de 727 km, sendo 410 deles somente em Minas Gerais, seguindo o traçado da BR-116.

No Estado do Rio, a nova concessão contemplará:

. o atual trecho concedido à CRT (Concessionária Rio - Teresópolis), entre Sapucaia (entroncamento com a BR-393, a Rodovia Lúcio Meira) e Duque de Caxias (entroncamento com a BR-040, a Rio - Petrópolis - Juiz de Fora), passando pelos municípios de Teresópolis, Guapimirim e Magé;

. a Via Dutra, entre o Rio de Janeiro (Avenida Brasil, no Trevo das Margaridas) e Seropédica, atravessando a Baixada Fluminense;

. a Antiga Estrada Rio - São Paulo (BR-465), entre o Rio de Janeiro (Avenida Brasil, em Campo Grande) e a Via Dutra (no Belvedere Viúva Graça), percorrendo o município de Seropédica;

. e o Arco Metropolitano (BR-493), que circunda o fundo da Baía de Guanabara, de Itaguaí a Itaboraí, que possui cerca de 20 km coincidentes com um trecho da BR-116 sob concessão à CRT.

A licitação está prevista para 20 de maio deste ano. A previsão de investimentos nesses trechos é de R$ 8,8 bilhões em 30 anos, com a geração de cerca de 127 mil empregos diretos e indiretos.

Haverá 15 praças de pedágio ao longo de toda essa malha. Sete delas são em municípios mineiros. Dos oito pontos de cobrança no RJ, apenas três serão novos, localizados em Itaboraí, Guapimirim e Itaguaí, ao longo do Arco Metropolitano. Ficam mantidos os cinco pedágios já existentes: em Bongaba, Santa Guilhermina e Santo Aleixo, na Rio - Teresópolis (os dois últimos apenas para quem utiliza acessos específicos a esses bairros de Magé); e os dois de Seropédica, ambos no km 208 da Via Dutra, pegando a reta da BR-116 e a interconexão com a Antiga Rio - São Paulo (BR-465). Continuará não havendo cobrança no trecho da Dutra ao longo da Baixada Fluminense, entre o Rio de Janeiro e Japeri.

Entre as melhorias projetadas, para os 727 km concessionados, estão: 330 km de obras de duplicação, faixas adicionais em 255 km, 85 km de vías marginais, 1.630 km de ciclovias, três áreas de escape, 57 passagens de fauna e a instalação de 75 passarelas e 462 pontos de ônibus.